• Os azares do Osni

    Publicado por: • 10 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    O chargista gaúcho SamPaulo usava um personagem azarado a quem deu o nome de Sofrenildo. Às vezes, ele me confidenciava, o Sofrenildo sou eu, mas só às vezes.

    Pois eu tenho um colega de redação do Jornal do Comércio de Porto Alegre que é o próprio. O Osni. Ele já foi confundido com segurança de bingo e pastor de igreja, por usar sempre terno preto. Da outra vez, deu um banho de mostarda em clientes de uma lanchonete. Exasperado por não conseguir abrir o sachê, deu um golpe nele com a garrafa de refrigerante e amarelou todo mundo em frente e laterais.

    Ontem, ele mais uma vez ele fez jus ao nome. Foi a uma lotérica e um funcionário gentilmente o convidou para entrar na fila dos idosos, mesmo que ele não fizesse questão, obediente às regras como é.

    O motivo de ele inicialmente rejeitar o convite foi o fato de que, no caixa preferencial, a fila era enorme. Já no guichê normal, não havia ninguém. Estoicamente, cumpriu o dever de idoso.

    Imagem: Freepik

    Publicado por: Nenhum comentário em Os azares do Osni

  • Inversão de pauta

    Publicado por: • 10 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Nesta entrevista ao Estado, Garman diz que, ao contrário do que aconteceu nos últimos cinco anos, “agora é a economia que vai pautar a política”. Segundo ele, a “retórica belicosa” de Bolsonaro “não é o principal motivo” de retração dos investidores internacionais. O cenário externo nebuloso, também não. Em sua visão, o que mais afeta hoje a percepção dos estrangeiros em relação ao Brasil é a lenta recuperação da economia.

    PAUTA ETERNA

    Claro que os caminhos assim como os descaminhos têm o dom de mudar a economia, mas, ao fim e ao cabo, sempre foi esta última que comandou o processo deste país irregular, que mais avança para os lados do que para a frente. No caso do Capitão, tenho insistido – eu e muita gente boa –  que os sinais de recuperação econômica são evidentes, diminuição continuada do desemprego, inflação baixa, PIB em alta (mesmo sendo pouco), entre outros.

    A CÉSAR O QUE É DE CESAR

    O pensamento majoritário é que as queimadas, as frases descabeladas e opiniões que sacodem o mercado doméstico e a abertura de fronts eternos fazem o cidadão comum se arrepiar todo. Não, não é isso. O que atormenta o cidadão é o medo de perder o emprego e o lamento pelo andar de lesma da recuperação.

    ALVO ERRADO

    Bolsonaro tem reiterado que as MPs que desobrigam as empresas e agora as prefeituras a publicar até editais de licitação em jornais impressos é dirigido aos grandes jornais que o atacam. Pois é, mas é como dar um tiro com uma 12. O chumbo se espalha geral. A pretexto de castigar os grandes, a MP 896 publicada ontem quebra os pequenos.

    O GERENTE DO MEIO

    O que falta no governo (e nas empresas privadas) é o que eu chamo de gerente do meio. É o cara que vê a hora de trocar a bateria do relógio de parede, essas coisas. Os governos não têm gerente do meio. Será que os ministros e secretários não se deram conta do perigo do desaparecimento dos jornais do interior, com desemprego e toda a cadeia.

    PRESSÃO DE QUEM?

    Ouvi que o Congresso pode vetar a MP 896, que dispensa prefeituras especialmente da publicidade legal. Sei não. Para os elas, a economia é bem vinda ainda mais que ano que vem teremos eleições municipais. Prefeitos gostam de folga no caixa, um Papai Noel fora de época.

    O FUMO DA COBRA

    No meu entendimento, a border line do governo Bolsonaro vai ser ultrapassada se recriarem a CPMF ou nome que derem. É o mais cruel dos impostos, porque incide a cada movimentação financeira. Aí, meu doutor a cobra vai fumar.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    Será hoje a Solenidade de Abertura das atividades alusivas ao Mês de Aniversário de Criação dos Cursos Jurídicos no Brasil – Auditório do 7° no IARGS – 17h30.

    Inovação em saúde é tema de debate de Santas Casas e hospitais filantrópicos de todo o país na Santa Casa de Misericórdia Porto Alegre. Nos dias 11 e 12, dirigentes e executivos das 50 maiores Santas Casas e hospitais filantrópicos do país estarão reunidos em Porto Alegre para debater um tema central para o seu presente e futuro: a inovação na saúde.

    O evento será realizado no Centro de Inovação da Santa Casa e terá como objetivo central a consolidação de uma rede de inovação em saúde para Santas Casas e hospitais filantrópicos. Para Julio Matos, diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre e um dos idealizadores da iniciativa, “a atuação em rede para a inovação é fundamental, pois viabiliza a diminuição dos custos de pesquisa e desenvolvimento e, o principal, estende soluções de melhorias da eficiência assistencial, entre outros avanços, a milhões de pessoas, em especial aos usuários do SUS”.

    Publicado por: Nenhum comentário em Inversão de pauta

  • Sirvam nossos modelos de façanha a toda Terra.

    • F. A. •

  • A imobilidade da morte

    Publicado por: • 9 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Nos tempos em que a televisão ainda não tinha a mobilidade de hoje, o rádio marcava presença constante no que se passava nas ruas da cidade. E também fazia promoções para envolver a comunidade de preferência com patrocínios de empresas com foco na casa e na cozinha. Um deles era o “Feijão Alfredinho vai à sua casa”, da Rádio Farroupilha – a marca existe até hoje.

    O âncora era o radialista Rubens Pinto, que fazia às visitas que o nome do programa já esclarece usando o vozeirão em altos decibéis como era costume. A emissora pertencia ao poderoso grupo Diários e Emissoras Associadas, e ostentava orgulhosa o prefixo PRH 2.

    Numa dessas incursões a residências sorteadas, vede de manhã a viatura da Farroupilha passou pela esquina da Venâncio Aires com Lima e Silva. Um grave acidente terminou com um pedestre morto, caído na rua. Pinto então narrou o acontecido com riqueza de dados e testemunhais.

    De tarde, Rubens passou pelo mesmo local e o falecido ainda estava caído de bruços na rua. Então Rubens Pinto empostou a voz revestida de gravidade que a sofisticação exigia e contou o causo como o causo foi. E finalizou:

    – E lá estava o cadáver, imóvel.

    Publicado por: Nenhum comentário em A imobilidade da morte

  • É boa, então não interessa

    Publicado por: • 9 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Em pelo menos uma coisa o Capitão está certo. É quando se queixa que os fatos positivos do governo não são divulgados como deveriam. Caso da inflação de agosto, que foi de 0,11% e em julho foi de 0,19%. São dados do IBGE. De fato, Capitão, mas não é só no seu governo. Como dizia um jornalista político dos anos 1970, a função do jornal é alarmar o povo. Alarmou? Não. Então não é grande notícia.

    QUEM ACHOU O SEDEX?

    Sedex, um serviço que já foi primoroso, agora leva dois dias para chegar em cidades próximas. Sim, eu sei, tem que ir para um centro de distribuição primeiro. Mas a entrega final vai depender da astúcia do entregador, que costuma reportar “logradouro não encontrado”. Mesmo que esteja nas suas fuças.

    ERA BOM

    Falar em centro de distribuição: o trem que vai de Porto Alegre a Rio Grande, na Metade Sul, precisa primeiro subir até o Centro do estado, Santa Maria e Cacequi, para depois tomar tenência e percorrer os trilhos até Bagé, na Campanha, e só então aproar Rio Grande. No tempo do trem de passageiros, levava-se dois dias para percorrer 310 quilômetros. Mas era bom.

    ERA RUIM

    O lado tenebroso da viagem é quando a composição era puxada por locomotiva a vapor. Sem ar condicionado, baixava-se as janelas de madeira para pegar uma fresca, cabeça para fora. Numa curva, entreva fuligem de carvão nos olhos.

    ERA PÉSSIMA

    A comida servida no trem. Mas pior ainda era a da Estação Ferroviária de Cacequi, onde se fazia transbordo para descer a Rosário do Sul e depois Bagé. Até hoje tenho pesadelos com uma sopa que ofereceram. Meu Deus! Dessem a receita para a CIA e, depois de meio prato, o cara confessava qualquer coisa.

    MISS ITINERANTE

    Lembrei da história de uma Miss Rio Grande do Sul que entrevistamos para o Jornal Gente da Rádio Bandeirante AM – a emissora patrocinava o evento. Matéria 500, aquela que tem que sair. Ela já tinha concorrido por duas ou três cidades diferentes e levou o cetro (!) concorrendo por Bento Gonçalves. Perguntei como estava Bento.

    – Não sei – falou ela. – Moro em Canoas.

    Como dizia o Millôr Fernandes, pano rápido.

    Publicado por: Nenhum comentário em É boa, então não interessa