• Os túneis do Total

    Publicado por: • 26 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Existe uma placa comemorativa no Centro Cultural do Shopping Total, antiga Cervejaria Brahma. Quando do seu descerramento, há cinco anos, o diretor do Total, Eduardo Oltramari, fez questão de salientar que eu sou o pai da reabertura dos túneis. Ele sempre tem dito isso quando acontece algum evento relacionado a eles. O que muito me envaidece. A verdade é que fui mesmo.

    Deu-se assim. Há coisa de 11 anos, quando o Total ainda estava em reformas, o Oltramari me mostrou os túneis soterrados – para quem não sabe, presume-se que eles tenham cerca de 4 quilômetros de extensão – dizendo que não sabia o que fazer com eles. Datavam do início do século XX, supõe-se. Eu disse que talvez desse samba. Na mesma hora liguei para Caio Zanotto, presidente da Vinícola Aurora.

    O Caio e eu tínhamos conversado sobre a Aurora abrir uma cave com produtos da Aurora, aquela coisa medieval de archotes etc. Ele achou a ideia sensacional. Os dois se relincharam, como se diz na Fronteira, e um contrato foi fechado.

    Só que a Grande Ceifadora entrou em ação. O meu amigo Caio morreu naquele acidente da TAM em Congonhas e seu sucessor não quis ou não soube levar o assunto adiante. Felizmente, a Famiglia Facin achou que poderia. Estão lá, felizes e satisfeitos, casa sempre cheia.

    Assim foi. E aproveito para dizer que tem muito túnel a ser reaberto. Um dos braços vai quase até a Ramiro Barcelos e outro ruma ao cais, no Guaíba. Há muitas fantasias sobre a serventia dos túneis, inclusive que seriam rota de fuga.  Eu aplico a lógica da Lâmina de Occam, um frade matemático da Idade Média: quando o problema é complexo, a resposta é a mais simples.

    E a mais simples é que serviam para estocar matéria prima e garrafas de cerveja.

    Publicado por: Nenhum comentário em Os túneis do Total

  • Os últimos dias de Pompeia

    Publicado por: • 26 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    A enorme crise que assola o jornalismo brasileiro e, de tabela, as agências de propaganda, é tragédia anunciada. Entre as causas está o analfabetismo funcional nacional. Também lê-se cada vez menos e coisa e tal, nada que já não saibamos. Mas há outros fatores que levam à diminuição do faturamento publicitário. Um deles podemos chamar de fim do ciclo do anúncio clássico. Ninguém mais gasta dinheiro sem ter alguma coisa em troca.

    FORTE TURBULÊNCIA

    Não à toa as agências de publicidade também estão preocupadas pelos exposto acima. Alguns grupos jornalísticos estão se ajustando aos novos tempos, cuja principal característica é a velocidade quase da luz com que os cenários mudam. O negócio é uma palavra que, de tão usada, ficou inexpressiva, mas é o que temos: foco. Em linguagem simples, as empresas procuram vender tal produto ou serviço e, por isso, querem que os veículos os ajudem a vender, por exemplo, geladeiras encalhadas.

    O LEITOR, COMO FICA?

    Tem pouco a ver com as MPs da publicidade legal que os jornais impressos perderam, salvo casos específicos em jornais especializados que vivem – viviam – de editais, balanços etc., caso dos impressos do interior. Outro fator, tecla que tenho batido assiduamente neste blog, é que estamos oferecendo matérias que não interessam o grande público. São dois oficialismos, o do ente Estado em todos os níveis e divisões corporativas, e o oficialismo privado.

    FALTA DE MATÉRIA-PRIMA

    O oficialismo do Estado pauta as edições a tal ponto que em feriados ou finais de semana, quando os governos não têm, digamos, expediente, as edições têm que procurar informações alternativas. Não raro, ruminando assuntos já mastigados. O hábito do cachimbo deixou a boca torta. Sem governo não sabemos o que publicar por falta de matéria-prima. É observável em feriados durante a semana. O emagrecimento é notável.

    CUI PRODEST

    Ou a quem interessa. O oficialismo privado é a repetição monótona de informações empresariais perenes, especialmente quando partem de entidades empresariais. Em boa parte das vezes, é plantação para ganhar algo ou algum mais adiante. É o lobby que não ousa dizer seu nome. Outro dia, li que a venda de computadores aumentou 4%. Pergunto: e daí? Qual o interesse disso para o leitor comum?

    VALE A PENA LER

    O jornal Zero Hora de ontem. Enquanto o grosso dos colunistas critica a fala de Bolsonaro na ONU, o editorial vai na direção oposta. Completamente oposta.

    LOUCURAS PASTELEIRAS

    Deu no Jornal do Comércio: lançaram o pastel com recheio de sagu. Sugestão: prendam os dois, quem o faz e quem o come.

    Publicado por: 1 comentário em Os últimos dias de Pompeia

  • Quem fez o tempo o fez em grande quantidade.

    • William J. Kaunitz •

  • Um longo recado

    Publicado por: • 25 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Certo dia, a equipe de criação de uma agência de propaganda de Porto Alegre se reuniu para ver qual seria o apelo criativo de queima de estoque de um cliente do varejo. Os anúncios estáticos da TV, chamados tabletop, e as páginas dos jornais teriam que ter uma chamada forte e depois ilustrações com os produtos e respectivos preços e condições de financiamento daquela época, início dos anos 1970.

    – Liquidação ainda funciona – disse o redator. – Não tem muito que inventar.

    – Que coisa mais bisonha – falou o dono da agência. – Vocês chamam isso de criativo?

    – Remarcação é velho, mas, para chamar atenção, vale. Não muito que inventar, chefe.

    O chefe virou uma arara.

    – Qui…bobagem. É pra isso que eu te pago? – disse o patrão revirando os olhos.

    – Promoção? – arriscou o tímido da equipe.

    – Outro que só diz besteira – falou o diretor à beira de um colapso nervoso.

    – Se o negócio é vender, não vejo como fugir de uma chamada forte usando este verbo ou derivado dele.

    – Meu Deus – balbuciou a chefia.

    Um filete de espuma escorria pelo canto da boca. Foi nesta hora que o último dos moicanos estalou os dedos.

    – Que tal liquiremarcapromovendação?

    Palmas gerais. Champanhe para a orquestra.

    Publicado por: Nenhum comentário em Um longo recado

  • Arquivo morto

    Publicado por: • 25 set • Publicado em: Sem categoria

    arquivo morto

    Literalmente. Sem maiores comentários. Por que jogaram

    Publicado por: Nenhum comentário em Arquivo morto