Os últimos dias de Pompeia

26 set • Caso do Dia, Notas1 comentário em Os últimos dias de Pompeia

A enorme crise que assola o jornalismo brasileiro e, de tabela, as agências de propaganda, é tragédia anunciada. Entre as causas está o analfabetismo funcional nacional. Também lê-se cada vez menos e coisa e tal, nada que já não saibamos. Mas há outros fatores que levam à diminuição do faturamento publicitário. Um deles podemos chamar de fim do ciclo do anúncio clássico. Ninguém mais gasta dinheiro sem ter alguma coisa em troca.

FORTE TURBULÊNCIA

Não à toa as agências de publicidade também estão preocupadas pelos exposto acima. Alguns grupos jornalísticos estão se ajustando aos novos tempos, cuja principal característica é a velocidade quase da luz com que os cenários mudam. O negócio é uma palavra que, de tão usada, ficou inexpressiva, mas é o que temos: foco. Em linguagem simples, as empresas procuram vender tal produto ou serviço e, por isso, querem que os veículos os ajudem a vender, por exemplo, geladeiras encalhadas.

O LEITOR, COMO FICA?

Tem pouco a ver com as MPs da publicidade legal que os jornais impressos perderam, salvo casos específicos em jornais especializados que vivem – viviam – de editais, balanços etc., caso dos impressos do interior. Outro fator, tecla que tenho batido assiduamente neste blog, é que estamos oferecendo matérias que não interessam o grande público. São dois oficialismos, o do ente Estado em todos os níveis e divisões corporativas, e o oficialismo privado.

FALTA DE MATÉRIA-PRIMA

O oficialismo do Estado pauta as edições a tal ponto que em feriados ou finais de semana, quando os governos não têm, digamos, expediente, as edições têm que procurar informações alternativas. Não raro, ruminando assuntos já mastigados. O hábito do cachimbo deixou a boca torta. Sem governo não sabemos o que publicar por falta de matéria-prima. É observável em feriados durante a semana. O emagrecimento é notável.

CUI PRODEST

Ou a quem interessa. O oficialismo privado é a repetição monótona de informações empresariais perenes, especialmente quando partem de entidades empresariais. Em boa parte das vezes, é plantação para ganhar algo ou algum mais adiante. É o lobby que não ousa dizer seu nome. Outro dia, li que a venda de computadores aumentou 4%. Pergunto: e daí? Qual o interesse disso para o leitor comum?

VALE A PENA LER

O jornal Zero Hora de ontem. Enquanto o grosso dos colunistas critica a fala de Bolsonaro na ONU, o editorial vai na direção oposta. Completamente oposta.

LOUCURAS PASTELEIRAS

Deu no Jornal do Comércio: lançaram o pastel com recheio de sagu. Sugestão: prendam os dois, quem o faz e quem o come.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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One Response to Os últimos dias de Pompeia

  1. FAUSTO LEÃO disse:

    Albrecht, a propósito da publicidade oficial: a Zero Hora Publica diariamente ou quase, uma série de avisos, editais etc. da Prefeitura De Fortaleza CÊ. Para saber tua opinião, te pergunto: tem alguma eficácia está publicidade ? Pois faz mais de ano que notei isso e fiquei ruminando… um abraço desde as barrancas do Caí

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