Os que sempre falham

28 jan • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Os que sempre falham

Tragédias como a de Brumadinho sempre nos levam a exclamar como foi possível uma coisa dessas, como é que a Vale e seus engenheiros não previram que excesso de chuvas poderia causar esse desastre. É sempre um engano achar que megaempresas têm tudo sob controle. Precisamente por isso elas não têm nada sob afora decisões estratégicas.

O diabo mora no detalhe

No dia a dia é comum que gigantes se estrepem. O que lhes faz falta é a figura do cuidador de detalhes, de miudezas que podem virar grandezas. Quem substitui a pilha do relógio da parede, quem olha as tomadas para ver se os fios não estão descascados. Numa microempresa o dono cuida de tudo. Numa gigante, o dono não cuida de nada.

O diâmetro da linguiça

No que diz respeito aos esportes, futebol à frente, jornais impressos, rádios e emissoras de televisão precisam encher linguiça quando nada de maior acontece. Os meses de verão é período de horror para os colunistas, editores e repórteres. Sem jogos, o diâmetro da linguiça é muito maior, e haja enchimento. É também nesta época que mais aparecem cavalos com chifres.

Desobediência civil

A frase do dia de hoje foi escolhida em função da excelente crônica do Eduardo Bueno na Zero Hora de sexta-feira passada. Em resumo, quando passou temporada na Alemanha, sua namorada alemã, a bordo de um BMW, foi chutada por um pedestre porque ela avançou não mais que 10cm da faixa de CONTENÇÃO, não é nem a faixa de segurança. Eles quis reagir, mas ela disse tinha sido erro dela, que deixasse assim.

Então o que o ex-ministro e escritor Roberto Campos fez foi o modo brasileiro de desobediência civil. Os caras param até em cima da faixa e reclamam quando levam multa. Do ponto de vista de cidadania, esse é forma neandertal de se comportar. Remete a uma história que meu pai me contava quando visitou os pais dele na Alemanha de 1952.

Ele alugou um carro, pegou a Autoban – ainda madrugada – para Munique e, ao passar por uma típica cidadezinha à beira da rodovia. resolveu tomar café. Pegou a alça de saída, passou por um cruzamento onde havia a placa de Pare (Alt). Dia mal começando, ninguém à vista, ele passou sem parar. Em seguida, ouviu o apito de uma guarda municipal.

– O senhor viu a placa de Pare?

– Sim, mas…

– Não tergiverse. O senhor viu ou não viu?

– Vi.

– E o que estava escrito nela?

– Pare

– O senhor parou?

– Não, mas não vinha…

– Schluss (fim). O senhor está multado.

Questão de preço

É como o caso de alguém que não se corrompe por R$ 1 mil, mas que pode estudar o caso de a propina é de R$ 10 milhões. É corrupto igual, só depende do preço. Lembra um conto curto atribuído ao brilhante e sarcástico escritor e dramaturgo Bernard Shaw. Ele teria perguntado a uma formosa dama da alta sociedade se ela aceitaria dormir com ele por mil libras, uma fortuna na época.

– Por todo esse dinheiro, sim.

– E por 10 libras?

– Claro que não! O que o senhor pensa o que eu sou?

– O que a senhora é ambos sabemos. A questão agora é apenas o preço – falou Shaw.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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