Os olhos do poeta 

17 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em Os olhos do poeta 

Tem uma história do poeta Mário Quintana que gosto demais. O ano era 1965 ou 66, e o então prefeito Célio Marques Fernandes realizou obras profundas na avenida Independência, em Porto Alegre. Para dizer a verdade, o charme da Indepê desapareceu. Tinha canteiro central com árvores em toda a sua extensão, e não como está hoje. Enfim, modernidades.

Pois foi numa madrugada risonha e franca que o poeta e um jornalista muito querido do meu tempo, o Dario Vignoli, já falecido, subiam a avenida bem pelo meio da pista em obras, no sentido bairro-centro. Naturalmente, que ela estava fechada para o trânsito, o que foi ignorado pelo motorista de um Alfa Romeo JK. Com os faróis acesos, ela descia a Independência rumo a sabe-se lá onde.

Os faróis do JK atingiram em cheio os passageiros da madrugada, de forma tal que Quintana e Vignoli tiveram que cobrir os olhos com as mãos. Surpreso, o poeta virou-se para o amigo e perguntou.

– Quem é esse sujeito que nos fixa com esses olhos esbugalhados?

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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