Os lanches da infância: banana e canela
Quando eu era piá em São Vendelino, caminhava um quilômetro em estrada de chão batido para ir ao grupo escolar. De calças curtas e de chinelo, os invernos eram – literalmente – de doer. Uma capa Tropeiro me defendia da chuva e do vento cortante. Na sacola de pano, livros, cadernos e a merenda. Ó que saudades que eu tenho etc e tal.
Meu pai era comerciante, então tínhamos um padrão de vida superior aos colonos, mas naquela época a frugalidade era regra. Ainda mais meu pai, que sofrera os horrores da Alemanha pós-guerra, a I Guerra Mundial. Pão preto torrado com duas opções: ou banana amassada e açúcar, ou com manteiga, açúcar e canela. Eu era feliz.
Às vezes trocávamos merenda. Linguiça caseira com pão, schmier de cana de açúcar com nata era meu escambo preferido. No quinto ano, o grupo escolar passou a fornecer lanches. Foi então que descobri os prazeres do arroz de leite e do Toddy.
Honestamente, a merenda da minha mãe era melhor.