Os ladrões do Nelson

3 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em Os ladrões do Nelson

Nos anos 1990, eu e um grupo de amigos criamos uma roda que batizei de Irpapos, nem lembro direito o desdobramento da sigla, algo como Instituto Rua da Praia de Estudos Sociais, Econômicos e Políticos. Era para rir mesmo, nada de discutir coisa séria. Na roda, que se reunia na frente da Galeria Chaves depois do almoço, havia o Nelson. Qualquer menção que se fizesse a políticos e governantes, o Nelson já vinha de foice e gadanho.

– Ladrão! É tudo ladrão!

Caçoávamos dele, porque ele não livrava a cara de ninguém, pouca gente merecia sua condescendência. Parecia a história bíblica dos justos inexistentes de Sodoma e Gomorra. De formas que a frase virou bordão da roda. Era alguém falar em alguém e o Nelson já atalhava.

– Ladrão, é tudo ladrão!

E nós, em coro:

– Ladrão, é tudo ladrão!

Outro dia, encontrei um sobrevivente do Irpapos e lembramos do Nelson. Instantaneamente, e com fulcro da Lava Jato e seus desdobramentos, ambos repetimos ao mesmo tempo a frase imortal.

– É ladrão, é tudo ladrão!

O Nelson tinha razão. E bola de cristal.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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