Os comedores de mosca
De certa forma, invejo o numeroso contingente do “Tô nem aí”, as pessoas que podem fazer as maiores trapalhadas e atrasar a vida de todo mundo, mas que deletam a bosteada segundos depois, se tanto. Não me refiro à enorme massa dos que curtem o mal que fizeram, mas os seres que provavelmente nasceram sem alguma parte dos neurônios e até do próprio cérebro.
Infelizmente, os que ficam vermelhos estão diminuindo. Por exemplo, se eu involuntariamente fecho alguém no trânsito trato de pedir desculpas e, mesmo assim, vai doer na consciência por um bom tempo, semanas, às vezes. O cotidiano está cheio de exemplos, a janela mal fechada que permitiu a entrada da chuva, não chavear portas estratégicas de uso comum no prédio, esbarrar em garçom porque comeu mosca e o fez derrubar a bandeja com bebidas e comidas, coisas assim. Além de comer mosca, a memória recente delas não existe.
Como não têm o mínimo remorso, são as pessoas mais felizes do mundo. A vida é sempre o momento posterior.
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