O voto desperdiçado
No discurso que fez na posse dos ministros Luiz Fux e Rosa Weber como presidente e vice do TSE, o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, clamou por mais responsabilidade ao votar. “Se [o povo] tem o poder e não o exerce, torna-o inócuo. Pior que isso: transfere-o a pessoas desqualificadas e delas se torna refém.” Isso é fato, mas, com a licença do presidente da OAB, vou além. Esse voto não é apenas desperdiçado. A soma destes desperdícios acaba por eleger incompetentes, inconsequentes e, não raro, gatunos. É mais que um voto posto fora, é um bumerangue que vai e volta atingindo a cabeça do eleitor.
Por isso, sempre se diz que nenhum governante ou parlamentar é marciano. Todos eles nasceram e se criaram aqui. Então, se forem mal na gestão/mandato a culpa é do eleitor. Ah, mas ele não sabia e teve boas intenções, dirão. O problema é que, de boas intenções, o inferno está cheio, como diz o provérbio, e não é consolo para ninguém.
Em última análise, o culpado é o eleitor. Temos sociedades fortes e fracas mundo afora, algumas são enganadas sempre, outras aprenderam a dura lição. Mas não me iludo. Não teremos pelo menos uma massa crítica ponderável nem no longo prazo enquanto a educação, a falta de leitura para formar um juízo crítico e o conhecimento continuarem sendo o que são hoje.
Foto: OAB/Divulgação