O Velho Jequitibá

28 jan • A Vida como ela foiNenhum comentário em O Velho Jequitibá

0999099O ex-prefeito de Porto Alegre, um dos melhores que a cidade teve, pergunta sobre o fato de pessoas do interior visitarem o prédio do antigo Banco da Província apenas para andarem de escada-rolante, novidade no final dos anos 1950 início de 1960. Verdade, eu trabalhei lá nos anos 60. O prédio na esquina das ruas 7 de Setembro com a rua Uruguai, Centro Histórico da Capital, que hoje é do Santander, foi um dos mais modernos de todo o país.

A história do “Velho Jequitibá”, como era chamado pelos funcionários, era para ser inaugurado em 1958, ano do centenário desta casa bancária. Por problemas de solo, o estaqueamento levou mais tempo que o previsto, e a inauguração foi feita um ano e meio depois. Mas era de fato, adiante do seu tempo. Construído com mármore de Carrara até o 4ºandar, foi o primeiro a ter escadas rolantes e o primeiro a ter ar condicionado central.

A correspondência interna era enviada de um andar para outro por tubos pneumáticos. Os janelões do 3º andar foram importados da Bélgica, caríssimos. No grande hall de entrada, havia cabides de bronze para chapéus, capas de chuva e sobretudos. Do lado de fora, na 7 de Setembro, tinha uma porta redonda de cofre para “depósitos noturnos” de clientes especiais, que obviamente tinham a chave e o segredo para abrir a porta. O dinheiro – numerário, como se dizia naquele tempo – escorregava para dentro de outro cofre, esse sim inacessível pela rua. Não teve lá grande sucesso por razões óbvias. Não tinha tanto dinheiro assim circulando de noite.

Os construtores pensaram em tudo. Parte do 6º andar era reservada para funcionários graduados, que vinham para Porto Alegre por apenas um dia ou noite. O 10º andar abrigava um restaurante, com cozinha e copa completas. O 11º era reservado para festas, com pista de dança e local para a orquestra. Tudo isso eu vi e vivi.

O transporte do dinheiro entre uma filial no Interior e a matriz era um caso à parte, mas essa já é outras história. Vocês não vão acreditar como era a logística.

Foto: web 

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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