O toquinho natalino
Os mimos que jornalistas recebem no final do ano de entidades empresariais são chamados de “tocos” ou “toquinho” no jargão jornalístico, cultura que está começando a desaparecer. Há anos, um colega de redação que era editorialista, portanto anônimo e sem crédito no jornal, queixava-se muito que nunca havia recebido um toco. Nenhumzinho, lamentava, nem mesmo um toquinho.
Então alguém aprontou uma para o infeliz. Pegaram uma caixa que originalmente abrigava um jogo de canetas, colocaram algo dentro e pediram para a secretária de redação envolver a caixa em vistoso papel de embrulho de Natal. Depois pediram que o boy da redação entregasse para o chorão como se de fora o pacote tivesse vindo.
Ele abriu rapidamente o presumível mimo, certamente pensando que até que um dia chegara sua vez. Nem de longe. Na caixa repousava um toco de lápis comum já e com rigor mortis de tão pequeno. Alguém gritou lá do fundo
– Taí, ó, finalmente chegou tua vez de ganhar um toquinho…
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