O tiro que não foi tiro
Foi um tiro. Ele tinha certeza que foi um tiro. Um atentado. Considerado um dos maiores colunistas políticos do país, o jornalista Carlos Chagas, do Estadão, escreveu na sua coluna diária que o ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel havia sofrido um atentado. E estava com ele quando aconteceu, testemunha ocular. Fez suspense para contar o final da história.
O ano era 1977. Chagas estava entrevistando o ministro na sua sala, no Ministério da Justiça, em Brasília, quando se ouviu algo como um estampido na ampla janela que dava para um gramado. Ambos viram um furo no vidro, o que confirmava a hipótese de Carlos Chagas. Só que Ackel não estava lá tão convicto.
Olhando o gramado com mais atenção, o ministro viu que um funcionário estava aparando a grama com um cortador elétrico, equipamento que não dispunha daquelas abas laterais que seguram pedras jogadas pelas lâminas de corte, que podem ser jogadas a grande velocidade. Em seguida veio o pessoal da segurança e não demorou muito para achar a prova do crime: uma pedra.