O talão de gelo
Golpe por golpe, o melhor que conheço aconteceu em Curitiba nos anos 1960. Era no tempo analógico, nada de controles digitais ou nuvens implacáveis para detectar até uma vírgula fora do lugar. Aconteceu em um escritório de cobranças que tinha convênio com várias redes de varejo. Em vez de pagar na loja, podia-se quitar a prestação neste local, bem acessível. O acerto com os clientes era semanal.
Havia dois caixas. Um ficava no posto durante o horário comercial e quando saía para almoçar, o reserva ficava no seu lugar para receber os pagamentos. Um dia, bolou um golpe. Conseguiu que uma gráfica clandestina imprimisse cópia exata dos recibos e com a mesma numeração, e os substituiu pelos verdadeiros.
Mas o talão frio era posto durante o horário do outro. E quem ficava com o dinheiro quente do recibo frio era o caixa reserva.
Adivinha em quem estourou quando o esquema foi descoberto.
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