O sumiço do dedo
Em décadas passadas, a Justiça Eleitoral não dispunha de legislação mais severa para fiscalizar doações de campanha, então era um vale-tudo. A moeda preferida era o dólar, muitas vezes nascido dentro do caixa dois. Pois foi nesse contexto que um empresário enviou cinco mil dólares, um dinheirão na época, para um candidato a prefeito de cidade de uma galáxia muito distante.
Para conferir se a mercadoria tinha chegado ao destino, nosso homem postou-se nas primeiras filas do palanque no comício de encerramento. A cada fala mais inflamada do candidato, levantava a mão bem aberta para ressaltar os cinco dedos.
O candidato então abanava para a multidão mostrando quatro dedos. Para reforçar o recado, na mensagem labial lia-se “quatro”. Onde foram parar os outros mil dólares ficou em aberto. Na dúvida, chacoalharam o mensageiro de cabeça para baixo.
Não caiu nem alfinete. Mas por algum motivo, ficou rindo na vertical.