O sequestro que não houve

28 mar • A Vida como ela foiNenhum comentário em O sequestro que não houve

    Um rumoro caso devidamente abafado para não sair na mídia aconteceu em 1970, meses após uma tentativa fracassada do sequestro do cônsul americano Curtis Cutter por um grupo terrorista de esquerda, o VAR Palmares. Deu errado porque tentaram abalroar seu enorme Plymouth com um raquítico Fusca. Resultou que empresários conhecidos trataram de adotar medidas de segurança. Na época, guarda-costas só quem tinha era gente do governo. Nem os carros-fortes tinha segurança ostensiva.

    Um empresário peso-pesado muito conhecido acedeu aos apelos de um funcionário, que, nas horas vagas, tinha um arremedo de empresa de segurança, meia dúzia de compinchas com a sagacidade e inteligência de uma anta, armados com revólveres calibre 32. Ele morava próximo à avenida Carlos Gomes, não longe da casa do cônsul do Japão.

    Certa noite fria de inverno, com neblina fechada, ninguém na rua, o empresário deu uma festa petit comitê. De repente, um fusquinha dobra a rua com luzes apagadas e estaciona quase em frente à mansão do cônsul. Aí tem, pensou um integrante do Exército Brancaleone Gaudério. A cerração só permitia ver que, no carro, havia o motorista e o carona. Segundos depois, só se vislumbrava o motorista, o carona desaparecera.

    Foi aí que o audaz segurança empunhou o 32 e resolveu abortar o que ele achava ser um sequestro. Resoluto, bateu o revólver na janela do carona. Como se impulsionado por uma mola, a figura ergue-se e, no susto, o sujeito apertou o gatilho. A bala varou o vidro e atingiu o passageiro na clavícula sem muita gravidade.

    Só que não era “o” carona e sim “a” carona. E adivinhem porque ela estava agachada e o que estava fazendo.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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