O samba de um prato só
Em tempos passados, o strogonoff – depois estrogonofe – era o prato principal dos eventos aristocráticos, almoços oficiais, almoços de entidades e sugestão de menu dos restaurantes finos e outros metidos a finos. Depois veio o fricassé de galinha, coisa muito elegante de se comer, segundo as pessoas que nunca comeram carne desta ave, aparentemente. Quando as vilas começaram a chamar estrogonofe de guisadinho metido a besta e o fricassé de carne de frango desfiada com requeijão e milho, este encontrável em qualquer despacho de encruzilhada de subúrbio, a finura desapareceu e a antiga iguaria passou a ser comida de pobre. Perdeu o charme.
De algum tempo para cá, o prato de resistência destes mesmos almoços mais sofisticados passou a ser filé ou medalhões de filé com risoto de cogumelos, com a variável de tomate seco. Só nos últimos dez dias, comi pelo menos quatro deles em eventos distintos. Quando entra tomate seco, separo alguns e guardo em um plástico e levo para casa. Sacumé, posso ter um choque anafilático por causa dessa tortura gastronômica.
Qual será o substituto do filé com risoto de cogumelos?