O Repórter Osso

13 dez • A Vida como ela foiNenhum comentário em O Repórter Osso

 O Mandico era um funcionário aposentado do Banco do Brasil que possuía um dom de imitar sotaques de qualquer língua, especialmente quando judeu falava português e alemão falava português, o que lhe valeu olhares de esguelha do seu Gutterman, judeu alemão de idade avançada, que lembrava muito o personagem Habacuc do filme O Exército Brancaleone, nos almoços do Mesa Um do Restaurante Dona Maria. O comerciante chamava o dono, Ernesto Moser, de “Arnesto” com o RRR arranhado vindo lá do céu da boca.

 Era um sujeito impagável. Uma espécie de Buster Keaton com a cara achatada. Não ria às gargalhadas, gargalhava por dentro. Fazia o gênero cara de pau, fingindo inocência nalguma malcriação com outrem. Em suma, era um pândego.

 Nos anos 1950 em diante, o noticioso mais famoso do Brasil era o Repórter Esso, cujo slogan era “O primeiro a dar as últimas”. Pois Mandico criou, acho que na Rádio Gaúcha, uma irreverência. Deram-lhe um quadro humorístico que ele chamou de Repórter Osso. Eram tempos sisudos, então o concorrente não gostou mas deixou por isso mesmo. Mas quando Mandico criou o slogan para o Repórter Osso tiraram o quadro.

 O slogan era: “Repórter Osso, o último a dar as primeiras”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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