O Rei da Rua A
Na história da humanidade, sabemos quem inventou o primeiro computador (mecânico), ainda no século XVII, sabemos que inventou o avião, o balão, a imprensa, o telégrafo, telefone e um sem-número de outras engenhocas sem as quais não poderíamos viver hoje em dia. Ninguém lembra quem inventou o alfinete de segurança (Walter Hunt Martinsburg, no século XVIII), o relógio mecânico (Yi Xing, um monge budista chinês, em 725 d.C), mas ninguém sabe ao certo quem criou o cinto com furos. Nem vou entrar na seara dos que passaram para a história como pais da criança porque roubaram a ideia de outros.
Existem centenas e até milhares de engenhocas úteis cujo pai é desconhecido. O dedal, por exemplo. Quem terá sido o primeiro costureiro ou costureira a criá-lo, cansado de furar seus dedos com a agulha? Alguns, evidentemente, foram fruto de combustão espontânea e pipocaram ao mesmo tempo ou época em vários lugares do mundo.
Então, mais que nunca, precisamos erguer uma estátua em homenagem ao Inventor Desconhecido. Rendo minhas homenagens a dois, o primeiro dono de restaurante que somou 2+2 e achou por bem deixar fregueses e até implorar que levassem as sobras da refeição para casa, tirando dele o pesado fardo logístico e de mão de obra para descartar as sobras. Outro gênio foi o que vislumbrou que lixo não é lixo, lixo é dinheiro.
Estátuas para eles, e não nome de rua de subúrbio pobre que antes chamava-se Rua A. Honra como esta é dispensável. Nem é honra, aliás. É quase desprezo.