O primeiro salário

12 jan • Sem categoria1 comentário em O primeiro salário

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A gente nunca esquece. Através do tempo ele variou de acordo com as circunstâncias do momento e do câmbio do dia. O senador petista Paulo Paim vivia pregando salário mínimo de 100 dólares e hoje ele está em 200 e nem por isso se pode dizer que ele é confortável. A inflação sempre comeu boa parte da renda dos brasileiros, que chegou até a desvalorizar 30% em um único mês.

 Na memória de todos nós sabemos quando o salário foi bom, razoável ou ruim. E a pergunta-resposta inevitável é qual foi nosso  melhor salário. Houve tempo em que algumas categorias ganhavam mais e depois perderam status e poder aquisitivo. Um bom exemplo são os bancários, hoje atropelados pela tecnologia. Até a reforma bancária, em 1967, trabalhar em banco significava status e uma boa vida pela frente. O inicial do Banco do Brasil era de 18 salários mínimos, depois vinha o Banrisul, então chamado de Bergs. Os privados não chegavam perto, mas se podia fazer carreira, o que hoje anda meio desaparecido.

No caso dos bancos gaúchos, havia duas gratificações sobre os lucros, uma em julho e outra em dezembro, mais dois salários anuais além do 13º a partir de 1963, projeto do então deputado federal gaúcho Floriceno Paixão. Quando tinha 17 anos, ganhava meio salário mínimo trabalhando na secretaria do colégio onde estudava. Ao completar 18, entrei no Banco da Província como contínuo, o boy de hoje, ganhando um salário mínimo, que era de 11,6 mil cruzeiros. Uma semana depois ele subiu para 36 mil cruzeiros mais gratificações.

Rapaz, subi aos céus da euforia. Estava anos luz de comprar carro, essas coisas, mas dava para ficar arrumadinho e cheirosinho. Comecei a tirar o brevê no Aeroclube de Montenegro, comprei um pulôver preto com listas vermelhas e um par de sapatos zero bala na Casa Müller. Lembro que fiquei tão contente que perguntei para meu pai se ele precisava de uma ajuda financeira. Ele riu. Bom, pensei, fiz o que tinha que ser feito. No dia do primeiro pagamento, que foi acompanhado por um talão de cheques, não teve mulher pobre na cidade. Eu era rei.

 O melhor salário é sempre o primeiro que se recebe.

Foto: Valéria Petersen para do Face Grupo Fotos Antigas do RS

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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One Response to O primeiro salário

  1. Sérgio Alves de Oliveira disse:

    Bem lembro das tuas “peripécias” da juventude,em Montenegro,Fernando Dietmar Albrecht. Bons tempos mesmo!!1

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