O poliglota
Hoje em dia, em qualquer profissão, você tem que saber inglês. A frase seria comum não fosse ela de Pollyana Temponi, prostituta de Belo Horizonte, proferida antes da última Copa do Mundo, explicando que aprendeu a língua para conversas com clientes-turistas. Ganhou espaço nacional pela declaração. Perguntei-me, na época, qual o motivo do espanto. Sem inglês você não vai longe e, não raro, a lugar nenhum.
A bem da verdade, no passado se falava bem menos inglês do que agora. Hoje, toda a mídia eletrônica ajuda a difundi-lo, mesmo que sejam apenas expressões do cotidiano. Aí já é a turma do ze buque iz on ze teible, mas graças à globalização e a novos métodos, a aprendizagem de línguas estrangeiras é bem mais fácil. Mas, para muita gente, o inglês é coisa do outro mundo e não tem jeito nem de dizer “yes” sem sotaque.
No tempo dos bar-chopes de Porto Alegre, frequentei muito o Stylo Bar Drink, na esquina da Independência com Garibaldi, hoje loja Panvel. Um dos frequentadores fixos – dizem que tentou até uma ação de usucapião – era um desses. Certa noite, ele apontou um cartaz de propaganda de cigarro colado na caixa.
– Alemão, tu que sabe inglês, o que quer dizer “si ainfel”?
Me virei e quase desmaiei. Estava escrito, em espanhol, “sea infiel”.
Me taira o tiubo!