O peão salvador
Para resolver o pepino, o Brasil precisa de um peão. Peão sempre resolve a bronca desde que seja instado pelos superiores. Já vi dezenas de casos em que um problema técnico, que nem mesmo engenheiros conseguiram resolver, foi solucionado pelo peão. É o velho “popular”, aquele que fica olhando obra pública por mais desinteressante que seja, só que é um popular turbinado.
Igual à história da construção de túnel subaquático. Vários consórcios tocaram a obra abaixo do nível do mar, metade partiu de um lado e a outra metade escavou do outro. O projeto era um encontro bem no centro do túnel, daí era só derrubar uma fina camada de rocha e – voilá! – a obra estava completa.
Só que não. Quando eles estavam prestes a se encontrar viam que, em vez da rocha fina, estava uma enorme pedra, disposta de tal forma que não permitia nem implosão nem explosão, sob risco de tudo desabar e o mar envolver o túnel. Os engenheiros dos consórcios discutiram o assunto à exaustão e nenhuma solução apareceu. Até que apareceu o engenheiro do consórcio brasileiro.
– Eu resolvo!
Ato contínuo, foi até o canto em que estava a peonada. Isolou um que portava uma picareta, disse alguma coisa no ouvido dele que resultou em olhos esbugalhados. O operário se dirigiu até a rocha, picareta em riste. O engenheiro fez um aceno com a cabeça e o peão deu uma batidinha de nada no pé da enorme pedra, que, em segundos, esfarelou-se e, num zás, deixou de existir. Só ficou um farelinho.
Os de lá e dos de cá gritaram vivas quando o túnel ficou completo, dentro do prazo, fim do pesadelo da obstrução. Claro que todos quiseram saber do brasileiro o que foi que ele sussurrou no ouvido do peão.
– Eu foi lá e disse pra ele: meu camaradinha, pega a picareta e tira só uma lasquinha da rocha. Abre bem esse teu olho, só uma lasquinha, ouviu bem?
« O hobby do Celente BRDE financia investimento em Complexo Eólico »