O pau de vento
Contam que, em uma cidadezinha do interior, havia um casal de recém-casados em que a mulher engravidou logo após as núpcias. Mas quando chegou no nono mês de gravidez, nada de o nenê nascer. No décimo mês, começaram a ficar preocupados. No décimo primeiro mês, correram para o médico, que examinou o ventre inchado e resolveu fazer uma cesárea. Para espanto das enfermeiras e do pai se ouviu um puff! E só saiu vento, nada de bebê. Aquilo não tinha explicação científica e, obviamente, a história se espalhou por toda a cidade.
O médico consolou o marido, dizendo que tentasse ter um filho de verdade dessa vez. E ela engravidou novamente. Nono mês, e nada. Décimo mês, e nada. Décimo primeiro mês, correram novamente para o hospital. Mais uma cesária e mais um puff! Novamente só saiu vento. A população, então, começou a chamar o marido de Pau de Vento, o que despertou nele um instinto assassino. Aconselhado por amigos, violento que ele era, resolveu não agredir e nem matar quem o chamasse pela alcunha.
Tirando o seu desconforto, a vida seguiu normal. Mas, como apelido gruda mais do que bosta de cachorro na sola do tênis, certa noite, em um bar da cidade, ouviu-se um tiro. Todos olharam e viram a cena trágica: Pau de Vento com um revólver fumegante na mão e um amigo morto no chão com uma bala na testa.
– Que me chamem de Pau de Vento, eu posso até aguentar. Mas me pedir o pênis emprestado para encher o pneu da bicicleta, isso já é demais!