O país do proíba-se
O Carnaval brasileiro se tornou um paradoxo. Embora tudo seja permitido, o politicamente correto destronou uma série de marchinhas e sambas cantadas desde a primeira metade do século passado. País estranho este nosso. Falta regulamentação em um sem número de diplomas legais e atividades várias e, ao mesmo tempo, somos os campeões da proibição.
CENSURA ORAL
Quando esteve em uma Feira do Livro de Porto Alegre, o escritor angolano Mia Couto disse que o politicamente correto está tirando a naturalidade das conversas entre as pessoas. O consolo é que tudo que é rigorosamente proibido é ligeiramente permitido, frase esculpida pelo ex-ministro Roberto Campos.
CAÇA AO TESOURO
Na segunda-feira de Carnaval, Porto Alegre amanheceu como de hábito nesse feriadão; quase tudo fechado, salvo lojistas teimosos e as lojas McDonald’s. Comer algo que não fosse comida de lanchonete com xis e torradas gordurosos foi como procurar água no deserto.
TURISMO AÉREO
Está na hora de contratar helicópteros para depositar turistas em algum bairro mais aprazível que o Centro Histórico de Porto Alegre. Se vierem por via terrestre encontrarão a avenida Castello Branco e sua “vista” para culminar no Centro que piora cada vez mais.
O SORRISO QUE SE FOI…
E dizer que em décadas passadas a capital gaúcha já teve como lema Cidade Sorriso. Hoje, na melhor das hipóteses, é a Cidade Sorriso Amarelo.
… SELVAGERIA QUE VEM
Os tumultos que marcaram o Carnaval nas ruas da Cidade Baixa mostram, mais uma vez, que as facções que disputam pontos de venda de drogas são os grandes campeões da festa do Rei Momo. Como rei morreu.
VÃ ESPERANÇA
Só a revitalização do Cais Mauá pode trazer melhores tempos para toda a área central. Como a Justiça está dando ganho de causa ao Estado, é esperança de cemitério. A ideia de trazer operações avulsas para preencher o vazio exige mais que patriotismo por parte dos empreendedores, exige paciência de perder dinheiro sabe-se lá até quando.
CALENDÁRIO DO BEM
O Instituto do Câncer Infantil já tem à venda o Calendário Impresul 2020. Com fotos do Eurico Salis, o impresso de nome “Origens” mostra as diferentes etnias que formam a identidade do povo rio-grandense. Com caráter beneficente, a 22ª edição terá todo o valor das vendas revertido ao ICI.
PENSAMENTO DO DIAS
Os visitantes sempre dão prazer. Se não quando chegam, pelo menos quando partem.