O mixuruca

28 set • A Vida como ela foiNenhum comentário em O mixuruca

O Zeca vivia sendo assaltado, mesmo que naqueles tempos os assaltos se contassem nos dedos. Tinha o que nós chamávamos de carnê de assaltado. Tirou a sorte grande ao contrário. Alguma coisa no seu jeito de caminhar após horas bebericando o uísque Old Eight na mesa um do Bar e Rotisserie Pelotense – era chamada de A Pelotense. Saía do bar e no trajeto até o ponto de táxi na Borges de Medeiros lá vinha o lalau fazer o serviço.

O Zeca era aposentado de alto cargo público. Depois de perder montões de dinheiro, resolveu sair de casa com pouco. O cartão não era massificado naquela época e nem todos aceitavam cheques, então sempre tinha que ter algum no bolso para despesas.

Um dia, o Zeca chegou com a cara amassada de sempre para iniciar os trabalhos. Começou a contar a desventura da véspera, tinha sido aliviado do vil metal quando chegou no seu prédio. Nisso entra um sujeito com uma voz grossa que não combinava com sua altura. Olha bem para o Zeca e joga uma carteira de dinheiro na mesa. Brabo, só disse uma frase e se mandou.

– Ô velhote mixuruca! Só tinha dez pilas nessa tua carteira de bosta!”.

Talvez o Zeca tenha inspirado a música do imortal Paulo Vanzoloini no Praça Clóvis. Ouça:   [embedyt]http://www.youtube.com/watch?v=qC3yS6KHtN0[/embedyt]

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »