O milho da galinha
Por mais que alguns queiram desregulamentar a economia, principalmente quando o serviço é concedido, mais regulamentação é preciso fazer. É um paradoxo, mas a nossa era é assim mesmo. O paradoxal chegou aqui e fez uma torre maior que a de Abu Dhabi. A sociedade não pode abrir mão de regras. Cito um exemplo: o Uber.
Chegou aqui sem dar pelota para a legislação municipal, invadiu seara alheia – não vou discutir o mérito do serviço – teve até o apoio da esquerda porque o prefeito José Fortunati não é da tchurma. Depois de meses e meses de peripécias legais, ele arranchou de vez em solo porto-alegrense. Mas impôs suas regras, e não estou falando em cadastro de motoristas, obrigações contratuais etc. Falo da medida que a empresa de US$ 28 bilhões adotou, a de que os motoristas deem notas para os passageiros e seu comportamento. De igual forma, o passageiro também confere notas para eles.
Não que seja novidade, porque existe até uma central mundial que cadastra os hóspedes de casas de família na Europa, Estados Unidos entre outros. O dono da pousada classifica os que fazem lambança para colegas desta atividade. Também tem o cadastro positivo, o bom hóspede.
Aí entra outro paradoxo. O informal, ou quase, tem cadastro negativo e positivo, e os bancos tentam implementar o selo de bom pagador para eventual redução de juros. Funciona, parece, mas só com parcela restrita, é cheio de burocracias. A ideia inicial era que fosse a varrer.
Bem, bancos nós sabemos como funcionam. Então esse negócio de reduzir juros mesmo para quem paga em dia é a mesma coisa que galinha renegar milho.