O homem da vassoura
O jornalista Gilberto Jasper conversou por duas horas com ex-senador Pedro Simon. É dele este relato.
Entre inúmeros casos, Simon contou como viu Jânio Quadros pela primeira vez. Foi durante a campanha eleitoral de 1960, quando o candidato esteve pela primeira vez em Caxias do Sul, onde foi recebido pelo presidente municipal do PTB. Do aeroporto até o hotel, Jânio ouviu detalhes sobre a criação do município, características regionais, a forte influência italiana e chegada dos gringos.
O comício – conta Simon – foi uma das maiores concentrações populares do município.
– Veio gente de toda a Serra e até da região de Passo Fundo para conhecer o homem da vassoura – lembra o ex-senador.
Em um inflamado discurso, Jânio impressionou pelo conhecimento da cidade.
– Tinha detalhes que nem eu, que nasci lá, sabia -, confessa.
Eleito vereador, Simon elaborou um projeto para a criação de um restaurante popular, a exemplo dos que existem igualmente, tendo como público-alvo os operários que poderiam se alimentar a preços acessíveis.
O projeto foi enviado à Presidência da República que, em poucos dias, respondeu favoravelmente à proposta. Semanas mais tarde, uma equipe de três pessoas chegou a Caxias. Para agilizar o projeto, a Câmara de Vereadores reuniu-se num sábado pela manhã e aprovou por unanimidade a doação do terreno. Resultado: depois de três dias de estada na cidade, os representantes de Brasília saíram de Caxias com a escritura na mão, prometendo acelerar a implantação do restaurante.
Neste momento, Simon ficou silencioso e continuou:
– Uma semana depois, Jânio renunciou e jamais o restaurante popular saiu do papel…
Amanhã, eu conto a história de um derrame sofrido pelo ex-deputado e ex-secretário de Estado Ariosto Jaeger quando ciceroneava o Jânio. Mas não o tipo do derrame que vocês estão pensando.