O guardinha do fogo

8 set • A Vida como ela foi2 comentários em O guardinha do fogo

No tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, era costume alunos de colégios do interior serem designados para fazer a guarda do Fogo Simbólico na semana que anterior a do Sete de Setembro. A Chama Votiva da Pátria permanecia acesa geralmente na praça da cidade. Era motivo de orgulho ser designado para fazer a guarda do Fogo Simbólico, trazido de Barbacena por maratonistas em revezamento. Fui escalado para uma madrugada.

Fazia um frio danado e lá estava eu e meus 12 anos, trajando o uniforme de gala do Ginásio São João Batista, de Montenegro. A instrução era pedir às pessoas que respeitassem o quadrado onde estava a Pira da Pátria.

Frio, escuridão e neblina. De repente, vejo um vulto vindo na minha direção. Era o Cabeleira, um tipo folclórico da cidade. Quando chegou no quadrado, ergui o bastão com uma bandeirola do ginásio na ponta.

– Alto lá – berrei. – Não pode passar aqui!

Eu só via a enorme cabeleira do Cabeleira.

– Por que não? O que fazes aqui, gurizinho de merda?

– Porque não pode! E eu estou guardando o Fogo Simbólico!

– Ah é? Quem vai querer roubar um foguinho?

La se foi meu orgulho patriótico.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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2 Responses to O guardinha do fogo

  1. Adorei o causo , posso imaginar que após a troca do turno , fostes correndo para casa tomar banho .. rsrss , Parabéns isso que foi tão bom em termos de humor , hoje não existe mais . vou compartilhar para meu neto ler ….

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