O grande Paixão Côrtes
Meu amigo Paixão Côrtes era o que muitos pretendiam ser, um pesquisador que ia fundo e não se contentava em ouvir dizer. Gravador em punho e câmara 8mm, percorria os mais recônditos cantos das quebradas do mundaréu do Interior gaúcho para recolher contos, causos e músicas que marcaram nossa história. Ele não deu só cara ao Laçador, ele deu cara ao Rio Grande do Sul e ao folclore recolhido, provado e estudado. Morreu ontem aos 91 anos. Não acreditem nessa história que ninguém é insubstituível. Paixão é.
Foto: João Mattos
A lenda da bombacha
O folclorista (e cantor, e dançarino) não só recuperou músicas e outras manifestações culturais do povo d’ántanho. Destruiu alguns mitos, como o de se dizer que bombacha era invenção de gaúcho, bem como o café de chaleira. Não eram. Paixão foi nos museus europeus e trouxe fotos de tapeçarias milenares que mostravam que a bombacha nasceu na Turquia e que café de chaleira veio para cá centenas de anos depois do café árabe.
A expulsão de Paixão
Um grupo de gaúchos radicais, desses que fazem mais mal do que bem para as nossas tradições, chegou a ir ao Palácio Piratini pedir ao governador Euclides Triches (em 1972) a EXPULSÃO do folclorista do Rio Grande do Sul. Isso mesmo, expulsão.
Qualé?
Aí eu recebo convites para visitar os estandes da Volvo, da Mitsubishi, da General Motors e várias outras montadoras presentes na Expointer. Afinal, essa é uma feira de boi ou de carro?
Alhos por bugalhos
Leio no blog Chumbo Gordo, do meu amigo Carlos Brickmann, que um publicitário constatou que expressões como “populismo” e “autoritário” não são encaradas de forma pejorativa pelo eleitor comum, ao contrário. Só o Grande Diretório Nacional composto por menos de 10% dos brasileiros sabe a diferença. Lembram do que já falei sobre o tema?
Dívida externa
A história é dos anos 1950. Durante as eleições de 1982, a PUC Rio fez pesquisa em cinco favelas do Rio de Janeiro para avaliar como os moradores entendiam o mote “dívida externa”, flagelo comum a quase todos os países Latinos, que se meteram de pato a ganso e se encalacraram. Os políticos prometiam acabar com a tal dívida. O que o povão entendia: dívida externa era a dívida feita com a alimentação fora de casa.
Na virada do segundo
Pesquisa para a XP Investimentos mostra (de novo) como é grande o índice de rejeição dos dois primeiros colocados. Lula tem 60% e Jair Bolsonaro 50%. É esta massa descontente que vota em outros candidatos no segundo turno.
Tudo como Dantes
No quartel dos Abrantes já diziam os portugueses no início do século XIX. Entra eleição e sai eleição e os que estão entre o meio e rabeira nas pesquisas prometem mundos e fundos para fisgar os ingênuos, ou simplesmente anunciam medidas que têm pouca chance de passar pelo Congresso e pela Constituição.
Promessa não paga imposto
Ciro Gomes (PDT) acenou com algo semelhante ao SPC, que iria zerar o registro do povo envolvido. Álvaro Dias (Podemos) garantiu ao Estadão que vai barrar indicação partidária no seu governo. Me engana que eu gosto. Todos prometem a mesma coisa, só ocuparão cargos em estatais os técnicos de carreira ou trazidos de fora. Intenção 10, possibilidade 0.
Case mundial
É uma das maiores chagas dos governos por coalização, nomear políticos de última para cargos de primeira. Petrobrás, Eletrobrás estão aí para mostrar o quando estas indicações fizeram mal à saúde das estatais. Não custa lembrar que os diretos da cota do MDB dos Correios nomeados por Lula levaram a empresa ao caos que perdura até hoje. Como é que não aprendemos esta lição é um case universal que pode se intitular Como fazer Para Tudo Dar Errado.