O golpe do freio
O falecido José Asmuz, que foi um ás das corridas automobilísticas com sua carretera 32, um Ford envenenado, lembrou-me de outros gaúchos pilotos de ponta, Catarino Andreatta e seu irmão Júlio. Este me foi apresentado pelo amigo comum Fernando Jorge Schneider, advogado e presidente do Jockey Club. Havia algumas lendas sobre Júlio, que ele corria mais para ajudar o irmão a vencer, atrapalhando os que vinham atrás.
Certa vez, no Circuito Cavalhada-Vila Nova em Porto Alegre, o Júlio estava tão à frente dos demais que parou num boteco para tomar uma cerveja. Voltou e ganhou a corrida. Uma outra história se deu numa corrida em estrada de chão batido. Como o irmão Catarino estava ponteando, mas atrás dos dois vinha gente, depois de uma curva, o Júlio enveredou por uma estrada secundária, levando os caras junto ao engano adrede preparado.
Uma terceira história que nunca esqueci foi a do golpe da luz do freio. Júlio teria instalado um botão no painel que, uma vez apertado, acendia as luzes de freio. Intuitivamente, quem vinha atrás pisava no pedal de verdade e alertando quem vinha atrás, que repetia a freada, dando tempo para o mano se escafeder na ponta.