O furo na tampa
Quando eu era criança em São Vendelino, tinha-se o hábito de beber refrigerante, especialmente Coca-Cola. Era caro e reservado só para ocasiões excepcionais, como nos keerbs. Isso que meu pai era comerciante e longe de ser pobre. Bebia-se muito leite, gasosa feita em casa com gengibre, uma maravilha, com sabor semelhante à Ginger Ale, levemente adocicada como no primeiro gole de Água Tônica. Nunca descobri porque cargas d’água não vem para cá.
Tomava-se também muito um xarope diluído em água com diversos sabores, fabricado pela Springer de São Leopoldo. O preferido era de framboesa. Mergulhava-se até o pão nele, à guisa de lanche. Quanto à Coca, quando eu e meus queridos primos Rui, Marlene e Jose Omar Selbach – os outros ainda não eram nascidos – bebíamos vez por outra, fazíamos um furo com prego na tampa.
Era para durar mais.