O frio e as desgraças
O que dizer nesta sexta-feira maravilhosa, vestida com o frio que nós gaúchos gostamos, que não seja pessimista? Temos tudo para uma injeção cavalar de tranquilizante na veia. O dólar pinoteou para quase R$ 4 reais, a inflação já crava os dentes no calcanhar dos pobres mortais, os populistas e sem noção habitam os primeiros lugares nas pesquisas, a embrulhada que conseguiram fazer com o preço do frete poderá capotar o caminhão da pouca tranquilidade que ainda tempos. E o que mais?
A sábia madre superiora
Como dizia a madre superiora sempre lembrada nos meus tempos de colégio, é fumeta. Fumeta era um produto químico que, ao ser incendiado, largava uma espessa fumaça que matava mosquitos, baratas e outros seres nojentos cujo único objetivo era infernizar a vida dos humanos. E até na fumeta os desgranidos nos causavam dano, porque era fumaça tóxica porque feita com BHC, um organoclorado que tem porta de entrada, mas não de saída no corpo humano. A madre tinha razão.
A fumacinha enganosa
Fumeta é o gasto de 68 deputados federais que chega ao equivalente a 48 toneladas de café com aluguel de máquinas de espresso e café moído na hora, informa o site Congresso em Foco. Bem, aí já não tenho tanta certeza se o custo com café em máquinas coletivas de fazer cafezinho não é tão mais baixo, mais o custo com pessoal. Por sinal, há dias faleceu, em provecta idade, o ex-senador maranhense Epitácio Cafeteira, político assaz conhecido nas décadas de 1970 e 1980. Se vivo fosse, saberia analisar melhor o caso.
Nomes e seu destino
Cafeteira é um desses nomes que ninguém esquece, e que juntando nome e sobrenome estava e estão sempre na cabeça do eleitor, porque inesquecível. Tenho opinião cristalizada, o nome de um político ou de um produto (dá no mesmo) catalisa sua votação. Mas atenção: nome e sobrenome tem que formar um conjunto sonoro ideal, um complementa o outro. Um bom exemplo sempre é Coca Cola, se formos para produtos comerciais. Quantos João da Silva (sem nome no meio) são políticos de sucesso hoje em dia ou foram em outras épocas? Só como exceção.
No tempo dos maconheiros
Até que esqueci um pouco as agruras de sexta. Sabem do que eu tenho saudades? Do tempo em que o gasto com máquinas de café de suas excelências seria manchete porque não havia outra coisa mais importante como fraudes, propinas, furtos & roubos, toma lá e dá cá, invasões e tráfico comandando o mundo do crime através dos PCC da vida. Naquele tempo, como dia Jesus, era só maconha e comprimidos ou injeções de Pervertin, que nem barato dava, a não ser insônia. E a maconha era para maconheiros, um palavrão, não rara, misturada com bosta de vaca seca.
Para piorar…
…hoje nem sei mais se chamo meu vizinho de vizinho ou de vizinha. Certa vez, perguntei e a resposta foi: os dois. Sai dessa, madre superiora.
Jornal do Comércio
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