O fim do corpo humano
Antes restrito a carros importados de primeira linha, os dispositivos que dispensam o motorista para estacionar em vagas agora ganham modelos de custo bem menor. É a escala que permite a redução de preço. Também estão disponíveis modelos que dispensam a direção, o carro é guiado pelas faixas demarcatórias da pista nas rodovias e/ou pelo carro à frente, mantendo sempre uma prudente distância. A Volvo foi pioneira em carros seguros, e, nos modelos mais novos, os computadores calculam até a chance de um veículo vir na diagonal e acertar o seu em cheio, então freiam automaticamente. A condução autônoma vem logo, logo. Alguns carros como os da Mercedes saem do estacionamento a trafegam até 150 metros e param na sua frente.
Tudo isso é muito bonito, mas o efeito colateral é tenebroso. Quanto mais automatizados os automóveis, mas imperícia no volante, que é uma das duas principais causas de acidentes. Não saberemos mais estacionar nem com uma quadra inteira à disposição, o que dirá em vaga demarcada. Perderemos, ao longo do tempo, a capacidade de reação nas rodovias, o reflexo que levamos uma vida inteira na direção para desenvolver.
Usamos cada vez menos nossos membros. Quase não conseguimos mais mexer o nariz, já perdemos o controle das orelhas para ver de onde vêm os predadores ou o perigo, nem mesmo vidro de carro abrimos ou mudamos de canal na TV e assim vai o crescente atrofiamento dos nossos membros. O esforço físico será mínimo, então seremos uma bolinha com bracinhos e perninhas sem serventia nenhuma. Nem para coçar o saco ou ajeitar o cabelo. Sentados em meio de uma floresta de computadores, alguns dentro do nosso corpo, finalmente a humanidade chegará ao seu ápice físico.
O Jabba the Hutt do Star Wars.