O essencial invisível
Tragédias como esse acontecido em Gravataí (RS) com traficantes disparando a esmo e ferindo 33 pessoas, matando um casal que nada tinha a ver com a briga deles com outra facção, se repetem todos os dias mas sem dimensão. Normalmente – para ver a que ponto chegamos, normalmente… –, eles se matam mutuamente e, eventualmente, alguém, que estava no local errado e na hora errada, morre. Mas nas vilas e nos subúrbios, a dor e a revolta chegam com poucos decibéis aos ouvidos da sociedade.
Aí os leitores e colunistas berram “cadê o governo?”. Inútil. O governo tem traque, os traficantes tem canhão; o governo tem leis malfeitas, o tráfico não as respeita. Como dizia Antoine de Saint Exupéry, o essencial é invisível aos olhos: o usuário de drogas. Ah, mas ele é um coitado dependente químico. Alto lá! Ele não era dependente quando cheirou ou se injetou pela primeira vez. E podem consultar os especialistas, apenas 30% (em torno disso) realmente viram o que nós chamamos de viciados.
O usuário que usa a droga de forma recreativa é cúmplice desses assassinatos. O resto é conversa pra boi dormir e enquanto não for esse o alvo do repensar o combate ao tráfico, continuaremos morrendo.
Foto: Freepik