O discurso que falhou
Corriam os anos 1950. Festa em um município da Serra Gaúcha, ia ser inaugurada uma barragem que regularia as águas do rio da região. Evento com presença das famosas altas autoridades, governador do Estado, presidente da Assembleia Legislativa e por aí afora. A rádio local foi contratada pela prefeitura e, além da transmissão, colocou uma boa quantidade de alto-falantes no entorno, onde uma multidão aguardava o corte da fita simbólica.
Todo pimpão, com gravata nova e fatiota sob medida, o prefeito tirou do bolso interno do paletó um avantajado volume de papel que continha seu discurso. Fez-se um silêncio obsequioso, nem sapo se permitia coaxar. O alcaide acerta o bocal do microfone de haste e aconteceu um desastre. Ao pronunciar “ilustríssimos senhores” a dentadura escapole da sua boca e cai na barragem de 15 metros de fundura. Constrangimento geral. Alguns segundos depois, o prefeito deu uma ordem saída de uma boca com dificuldade de pronunciar os esses.
– Efa não! Efazia a reprefa.
Foto de internet sem indicação de autor.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
