O deus da ilógica
Os gregos tinham razão. Enlouquecem primeiro aqueles que querem destruir. Digam-me qual a lógica de abandonar uma cidade que está começando a esvaziar para ir para outra que está começando a encher. E quando o verão se vai, esse povo sai de uma cidade que começa a esvaziar e vai para outra que começa a encher.
Durante este período que se convencionou chamar de “veraneio”, multidões dirigem como doidos em estradas superlotadas de carros correndo muito para ter certeza de que algum policial rodoviário com radar vai multá-los e se aboletam em apartamentos – na maioria das vezes – indignos até do Minha Casa Minha Vida. Alguns são tão diminutos que, se toda a família vier com o corpo cheio de areia da praia perde-se metade da metragem do imóvel.
Areia
Na praia, crianças malvadas jogam areia nos inocentes adultos que ainda acham graça; orgulhosos churrasqueiros assam as carnes na orla apesar (talvez por causa) da areia levantada pelo vento. Já vi churras só com sal grosso, com salmoura, com molho barbecue e outros preparados químicos. Mas acho que só nós gaúchos gostamos de comer carne com a crocância – palavrinha usada por 11 entre 10 Chefs – deste tempero, por assim dizer. Nunca entendi como ainda não adicionaram cimento para completar.
Preços
Bebida, lanches, líquidos em geral são vendidos pelo dobro ou triplo do preço. Nas ruas, congestionamentos; no mar, água viva quando faz calor, algas fedorentas quando as correntes que se encontram revolvem o fundo do oceano. Enfim, a praia é o paraíso dos masoquistas. Só assim para entendê-la.
Jornal do Comércio
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