O desprezo do Moser
O seu Ernesto Moser era um pragmático-fleugmático. O austríaco que chegou por acaso ao Rio Grande do Sul nos anos 1940, vindo de um circo que quebrou em Montevidéu, casou com a filha da Dona Maria, nome do cultuado restaurante da rua José Montaury, Centro de Porto Alegre. Foi-se como tantas outras casas históricas. Seu Arnesto, como costumava dizer o bancário Mandico, numa vã tentativa de irritá-lo, também teve a concessão do Chalé da Praça XV.
Ele dizia que era o único sujeito que tinha três nacionalidades: austríaco de nascimento, brasileiro por adoção e “alemão ladrão” quando o cliente reclamava do preço da refeição.
O velho e bom Moser tinha aqueles ventiladores de teto no Dona Maria, mas os abominava. Mais do que isso, nutria profundo desprezo por eles, resumido numa simples e curta frase:
– Esquentam o chope e esfriam a comida.