O derrame
Uns caras lá das bandas do Vale do Caí foram caçar em terras uruguaias. Foram na marra, sem licença, confiando na dona Sorte. Um doble chapa consultado avisou a turma que, se uma patrulha do Exército os pegasse – lá é assim –, a cana seria dura. Então para tomar coragem encheram previamente o tanque com canha azulzinha de Santo Antônio.
Já tinham entrado alguns quilômetros fronteira adentro quando um deles começou a passar mal. Suava em bicas, ficou pálido, tremelicava todo. Os parceiros ficaram preocupados. O que se passa?
– Estou tendo um derrame…
Ora, isso era hora de ter derrame? Deitaram o gajo no chão, tiraram o material bélico, cartucheira e facão, afrouxaram a roupa e outro o abanava. Então sentiram um cheio horrível, um fedor de mocotó com repolho enriquecido com rabanete.
– Mas qual é, bitcho, tu está é todo borrado!
O doente gemeu.
– Não me deixaram terminar! Estou tendo um derrame intestinal!
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