O derrame do general
Um dos melhores contadores de histórias deste país é o jornalista Sebastião Nery. Em qualidade e quantidade. Convivi com ele quando das saudosas pescarias que a General Motors patrocinava para cerca de 100 jornalistas no Pantanal, início dos anos 2000. Partindo de Corumbá, o Princesa do Pantanal subia o rio Paraguai por mais de 300 quilômetros, sem falar nas incursões pelos afluentes. Eu detesto o calor, mas o Pantanal é mágico.
Nery é uma figuraça. Baiano de nascimento, conseguiu a proeza de ser vereador na Bahia, deputado estadual por Minas Gerais e deputado federal pelo Rio de Janeiro, pelo PDT, até que o Brizola conseguiu sufocá-lo politicamente. Nenhuma novidade. Nas madrugadas no restaurante/bar do barco, o esperto baiano me contou as mil e uma noites do folclore político. Você dizia “pão” e lá vinha um causo envolvendo um político e pão.
Pois foi numa destas madrugadas que Sebastião contou casos do pai do humorista Agildo Ribeiro, Barata Ribeiro. Após a morte de Stalin, desiludido com o PC soviético, ele se mandou para Salvador, Bahia, para dar um tempo. O general gostava de frequentar a redação do jornal A Tarde, onde Nery trabalhava e, em seguida, Barata teve um caso com uma repórter. Certa noite, a repórter telefonou assustada para o editor, dizendo que o homem estava tendo um troço. Imediatamente mandaram um médico para o hotel.
Quando ele lá chegou, Barata Ribeiro estava deitado na cama, suando, já com a boca torta. Falou com alguma dificuldade.
– Doutor, eu sei que estou tendo um derrame, meu lado esquerdo está paralisando. Por favor, me bota o membro para o lado direito…