O Cunha Rasgado
Quando as corridas de cavalo ainda eram moda e atraiam multidões para as carreiras, ser sócio do Jockey Club de Porto Alegre significava que você era um sujeito bem posto na vida. Falando francamente, eu gostava muito de lá ire, como dizem os portugas. Um dos prêmios mais disputados tinha o sobrenome de um turfista, o Cunha Rasgado. Achava engraçado o nome e acho até hoje.
Quando o deputado Luiz Eduardo Cunha começou a ser capa de jornal e um sujeito tão poderosos que sozinho dominou a Câmara dos Deputados, sempre lembrava do Cunha Rasgado. Passado todo esse tempo, rasgaram o Cunha, com o perdão da piada-pronta-invertida.
Mas a ligação que eu fazia era outra. Somos um país de olhar esquizofrênico, e a imprensa não raro também é. O mesmo assunto/personagem habita as capas dos jornais e telejornais como se não acontecesse mais nada no país e no mundo. Que ele apareça com destaque vá lá, mas o diabo é que se esquece do resto.
Somos um samba de nota só.
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