O choque do Salimen
A Porto Alegre antes da internet e antes dos camelôs e ambulantes que não ambulam contava com os cinemas, teatros e os cineteatros, com função dupla como já indica a expressão. Belos espetáculos, inclusive internacionais, podiam ser vistos neles, cerca de meia dúzia ou mais, na década de 1960.
Antes de falar no Castelo (foto), na avenida Azenha, uma curiosidade histórica. Até o início dos anos 1960, os aviões não tinham autonomia para voar do Rio de Janeiro ou São Paulo para Buenos Aires, a meca dos grandes shows e peças de teatro internacionais, precisavam reabastecer em Porto Alegre. Isso exigia o pernoite. Então, várias dessas companhias aproveitavam a noite ociosa para se apresentar – uma noite que fosse – em Porto Alegre. Por isso que no passado os porto-alegrenses viam espetáculos do primeiro mundo.
A imagem é dos anos 1960 e nota-se a predominância dos carros da VW Castelo. Na década de 1950, o espaço tinha programas de auditório transmitidos também pelas emissoras de rádio, aos domingos de manhã. Os apresentadores mais bem-sucedidos foram Maurício Sirotsky e José Salimen Jr. Num certo domingo, o microfone do Salimen encostou em um fio, e o Turco começou a eletrocutar. Sem voz para pedir ajuda, parecia estar representando.
Só não morreu porque um técnico se deu conta que era real e não ficção, e tirou o fio da tomada. Essa história está contada na sua biografia, escrita pela jornalista Carla Santos, “Salimen, uma História Escrita em Cores“, de 2009.