O chiclete da Zelaine

17 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em O chiclete da Zelaine

O escritor Paulo Motta escreveu um causo envolvendo uma prima chamada Zelaine. Não deve ser a mesma com esse nome que conheci quando cursava o 4º ano do Ensino Fundamental no Grupo Escolar Delfina Dias Ferraz. Era uma negra magra, alta, sexualmente precoce, simpática, malandra, dava curva na professora a todo momento. Vivia mascando chicletes, que, na época, era moda, posto que relativa novidade.

Um dia a professora, dona Olenca, chamou sua atenção porque ela estava transgredindo o regulamento da escola, mascava chicletes de hortelã marca Adams, aquela da caixa amarela. A acusada negou de pés e mãos juntas.

– Abre a boca! – ordenou a mestra.

Ela abriu. Não teve jeito. Uma bolota escura aparecia na altura da segunda mobília. Mas, como falei, a Zelaine botava suspensório em cobra correndo.

– Não é chiclete, fessora, é chumbação!

Chumbação era como eram chamadas as restaurações dentárias, quando se usava amálgama à base do metal mercúrio. O aspecto era mesmo de um chiclete mascado.

Lembrança vai, lembrança vem, lembrei de outro aluno, já no ginásio. Dele dizíamos que tinha tantas cáries que dava eco quando falava. Mas essa já é outra história.

Carla Santos

Jornalista, assessora de Fernando Albrecht, de quem foi colega no Jornal do Comércio. Atuou como chefe de Redação no Palácio Piratini, assessora de comunicação de diversos clientes. Hoje faz assessoria em mídias digitais para empresas e é editora do jornal de bairro Voz da Vizinhança.

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