O cenário da Mangueira
Como em todos os finais de ano, este teve novamente muitos cenários traçados pelos economistas. A cada traçada, eu me arrependo por não ter sido cenarista em vez de jornalista. Perdi a chance de prever o previsível. O que é ser imprevidente. E futurista. Olhem o que disse Peter Ducker: não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo.
O futuro a Deus Sepúlveda Pertence, para citar um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Como não estou disposto a me cobrir de cinzas e chibatadas pela aproximação do Armagedon, traço agora o meu cenário em cima da criação de dois cariocas chamados Enéas Brites da Silva e Aloísio Augusto da Costa.
Eles eram economistas, no sentido que economizavam muito porque eram pobres. O enunciado é assim: Mangueira teu cenário é uma beleza/Que a natureza criou/O morro com seus barracões de zinco/Quando amanhece que esplendor. É o samba Exaltação à Mangueira.
Aliás, o que seria dos compositores de sambas-enredo se não fosse os bordões recorrentes Ô Ô Ô Ô! e do lailai-lai (versão curta) e lai-lai-lai-lailai (versão estendida), sem falar no refrão prêt-à-porter ”na avenida!”. E por aqui fecho a cortina porque o cenário está mais para urubu do que para colibri.
É tudo por aí. Abaixo o foco!
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