O cão antiaéreo, o retorno
Um cachorro abater um helicóptero em pleno voo, acreditam? Não há registro nas guerras que isso tivesse acontecido. Pois é bom acreditar. Aconteceu aqui no Rio Grande do Sul, na cidade de Tavares, no Litoral. Há anos, contei essa história no meu site com o título de Cão antiaéreo, e já tinha até esquecido o causo quando encontrei o médico Sérgio Bechelli, um dos passageiros do helicóptero abatido, que fez um reparo à antiga história.
Ele vai a eventos médicos e sempre conta o episódio, mostrando a reprodução do meu texto. O acontecido deu-se em maio de 1986, num sábado de manhã, 11h. Bechelli, então secretário da Saúde do Estado, requisitou um helicóptero Esquilo do Governo para inaugurar uma unidade hospitalar naquele município, pleito de décadas. O comandante chamava-se Wilde Pacheco, já falecido; o outro passageiro era Germano Bonow, deputado e ex-secretário da Saúde do RS. Eles pousariam em uma área já preparada. Quando chegaram na cidade, quase toda a população estava lá.
O problema é que soprava um Nordestão danado, então Pacheco achou por bem descer no terreno onde seria construído o novo prédio da prefeitura, protegido por um barranco de boa altura que serviria de quebra-vento para a aeronave de asas rotativas fazer o pouso com segurança. Só que não combinaram com a figura mais popular da cidade, um enorme cachorro de raça Cinamón ou grafia semelhante, que seria raça tipicamente gaúcha. O fila, disse-me Bechelli, perto dele era um poodle.
Para se ter uma ideia da ferocidade do animal, o tal cachorro tinha como hobby morder pneus de carros EM MOVIMENTO. Talvez por isso, o animal tenha sido atraído pelo rotor de cauda do helicóptero. O cão veio por trás e, rápido como um raio, subiu no barranco e se atirou no rotor. Óbvio que o tirou de ação. O Esquilo ficou girando como uma piorra até cair de uma altura de quatro metros. Quebrou o trem de pouso e sofreu outras avarias consideráveis, mas ninguém se feriu. Todos saíram do Esquilo rapidamente, com temor de incêndio.
Esse é o causo. Germano Bonow também está aí para confirmar – aliás, foi ele quem me contou a história, originalmente. O reparo que Bechelli me fez, segunda-feira passada na portaria do Jornal do Comércio, foi esse:
O Esquilo não despencou de uma altura de quatro metros. Foi de seis metros!
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