O café jurídico

2 jun • A Vida como ela foiNenhum comentário em O café jurídico

O Café Rihan era a maior lancheria e a cafeteria mais famosa de Porto Alegre. Ficava na Rua da Praia, onde hoje é a Panvel do Calçadão. No período áureo, anos 1970, vendia até cinco mil cafezinhos por dia. Pois foi neste cenário que conto o causo como o causo foi.

Um conceituado advogado da praça, caro pra caramba, tinha um amigo severamente atacado por aquela doença que causa um enorme desconforto quando se tenta abrir a mão. No popular, um pão-duro. Porém, e sempre tem um, quem fazia questão de pagar o café no Rihan era o mão-de-vaca.

Durante a ingestão da bebida, o tal amigo puxava algum assunto jurídico, coisa que o atraía e o entristecia. Pobre na juventude, não podia pagar a faculdade de Direito. Daí que virou empresário.

O advogado gostava de discorrer sobre os assuntos levantados pelo amigo, quanto mais não fosse por saber que ele era um operador de direito frustrado. Isso durou anos. Um dia, o amigo morreu. No velório, puxou conversa com um diretor da empresa do falecido. Ambos não se conheciam. Lá pelas tantas, fechou a cara e saiu bruscamente do velório.

O diretor contou a ele que o patrão nunca precisou contratar advogado para resolver pendengas jurídicas. Explicava que tinha à sua disposição o melhor advogado da cidade, que só cobrava um cafezinho para dar um parecer.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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