O bico de bule

14 nov • A Vida como ela foiNenhum comentário em O bico de bule

 O primeiro filme pornô exibido em escala comercial foi Garganta Profunda, em 1972, e o segundo foi Calígula, de 1979. Foi como se um asteroide tivesse atingido o seio da tradicional família gaúcha, especialmente o segundo porque mostrava sexo explícito nos bacanais, aliado ao fetiche, às orgias da Roma antiga. Passou no Capitólio. O filme não era para ser pornô puro, mas trocaram de diretor tantas vezes que ele se transformou, literalmente, numa suruba.

 O cinema lotou na primeira semana. Na sessão que fui (sim, donzelas castas e senhoras pudicas, eu fui ao pecado), notei que um casal já maduro que estava duas fileiras à frente, passou o tempo todo cochichando, só se ouvia os sibilados “SSSS” desse tipo de conversa quase inaudível. Acho que só faltou ela dizer “ai, que nojo!), mas hoje já não tenho tanta certeza.

 A horas tantas de projeção, apareceu um escravo transando com uma cortesã romana. O cabra estava deitado de costas e ela foi se esgueirando no leito até chegar no Monte Everest. O tamanho da orgânica régua de cabeça colorada era realmente descomunal. Neste momento, os dois ficaram estáticos e sem os SSSS, olhando direto para a tela. De repente, ela disse algo na orelha dele. Sem tirar os olhos da tela, ele falou de verdade:

 – Só pode ser de borracha!

 Provavelmente o cara deveria ter um membro “bico de bule”. Foi a única explicação que lhe ocorreu depois da cobrança da mulher.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »