O Bar Naval
Quem não conhece o Bar Naval do Mercado Público de Porto Alegre ou não o frequentou pelo menos uma vez na vida levante o dedo. Na semana passada morreu o antigo dono, seu João, João Santos, 89. Hoje é restaurante mais que bar, mas em outras épocas era o contrário. Juntamente com o mais que centenário Restaurante Gambrinus, bem ao lado, o Naval atraía políticos, empresários, boêmios, turistas, passantes abstêmios ou alcoólicos.
Chamava-se Naval pela proximidade ao Cais do Porto. No tempo em que o Centro Histórico da Capital ainda reluzia, antes da classe média ser expulsa da área pela invasão de camelôs e ambulantes que não ambulam, o Mercado era e ainda é um espaço cult. Justiça seja feita, falamos cult hoje, porque nos anos 1940 até os 1960, o Naval era barra pesada. Onde é que vocês já viram estabelecimento frequentado por marinheiros ser pacífico?
Certa feita, um governador resolveu visitar o bar onde, antes de se eleger, batia ponto diariamente. Molhava as palavras e as molhava bem molhadas, por assim dizer. Quando entrou foi uma algazarra, amigos e clientes o saudavam. O seu João desocupou sua mesa preferida antes de ele ser excelência. De repente, no meio de toda a guerra de palavras, uma frase se destacou.
– Não serve canha pro homem que ele tá de serviço!
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