O baixinho do elevador
A teoria era a seguinte: todos os homens nascem com a mesma altura, pouco mais, pouco menos. Quem é da turma do pouco menos vira baixinho e poderia até superar isso, não fossem as pauladas que os baixinhos levam a vida inteira. Primeiro, eles foram se encolhendo por assim dizer. Quando chegam à idade adulta, tentam superar essa mala suerte conquistando cargos que tem algum tipo de poder ou autoridade, como militares e magistrados.
Não é minha essa tese. É, ou era, de um ascensorista verticalmente prejudicado chamado Rômulo, que trabalhava no prédio da agência de propaganda SGB, início dos anos 1970. Tudo o que eu preciso meio metro a mais, lamentava-se. Ele levava na boa as piadas diárias naqueles tempos do politicamente incorreto, menos uma. Essa doeu, repetia.
Foi quando alguém da agência – o Mug? – disse que no caso dele, Rômulo, o elevador freava a descida de forma tão repentina que ele foi embatumando igual a bolo mal feito.