O Baile do Facão
Arrolado, em Horizontina, como testemunha de um processo conhecido como Baile do Facão, Nego Beto, figura popular na cidade, compareceu à audiência de instrução com os dois braços e as duas pernas engessadas. Ante a curiosidade do juiz por vê-lo naquele lamentável estado, o pedreiro contou o causo como o causo foi.
Recém-saído de Horizontina rumo a Porto Alegre, excelente pedreiro, Nego Beto, que deixava à vista dentes “brancos espelhados”, logo foi cooptado pela construção civil. Já na primeira sexta-feira de folga, passeando próximo à Estação Rodoviária, conheceu uma loira lindíssima, que de pronto o convidou a galgar os 66 degraus em um hotel na Voluntários da Pátria, próximo ao viaduto.
Findo o encontro de amor, com a penumbra e os dentes do Nego Beto chamando a atenção, a lindíssima loira, segurando na mão um AR-15 paraguaio, olha nos olhos do horizontinense e diz:
– Agora é a minha vez!
Beto agarra os pertences mais próximos e pula a janela… do terceiro andar.
Feliz, Beto faz questão de salientar o desfecho ao doutor.
– Quando ela puxou a arma, o degas aqui pensou: eu fora.
(colaboração Ricardo Sauer)