O azar do jacaré

1 mar • Caso do DiaNenhum comentário em O azar do jacaré

 Política em cargo público, hoje, é a arte de ficar com a boca fechada. Em boca fechada não entra mosca. O último a ser defenestrado foi o recém-empossado diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia. Capitão de longo curso que sou, sempre me fascinou como o peixe morre pela boca quando alguém assume um posto importante e deita falação.

 Não falha nunca. São raros os que contam até dez antes de falar, e os mais espertos sabem que, às vezes, em vez de presença de espírito é melhor ausência de corpo. Mas os microfones e câmeras exercem a mesma atração que a luz com mariposas. E acabam se queimando como elas.

 Os mais espertos adotam outra técnica. Instados a responder a uma pergunta crucial que exija respostas curtas tipo sim ou não, eles falam, falam, falam e não dizem absolutamente nada. Meu melhor exemplo era o Brizola. Êta coisa mais difícil tirar dele uma resposta objetiva.

 Com tantas gravações às escondidas feitas pela imprensa em geral – coisa que eu não aprovo – melhor nem falar no banheiro. Até nem sei como as emissoras de TV ainda não usam aqueles microfones que captam conversas em ambientes fechados pelas vibrações no vidro das janelas.

 Seja sábio. Fique calado. Jacaré não vai para o céu porque tem boca grande.

 Imagem: Freepik

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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