O assassinato da mosca
Meu colega de redação Osni Machado, que senta na mesa ao lado da minha na redação do JC, entrou para o Guiness de Recordes. Foi o primeiro ser humano que conseguiu abater uma mosca em pleno voo com aquelas raquetes especiais. Pelo menos o único que conheço. Essa mosca, que o diabo a tenha em seu seio fumegante, fazia evoluções malcriadas sobre nossos ouvidos e cabeça. Durante semanas, o Osni nada conseguiu, ela era rápida. Treinada pela Luftwafe, creio.
Até que um dia o Lado Claro da Força venceu aquele monstro com asas. Ela fez dois loopings entre nossas máquinas, colocando em risco a nossa vida. Quando a desgraçada se preparava para tirar um rasante do nariz do Osni, catapaf! a assassina do nosso bem-estar se estatelou na mesa. Os vizinhos não acreditaram, então tivemos que procurar os restos mortais do indigitado inseto para provar. Depois, ela foi enterrada em uma vala comum, no cesto do lixo. Oração fúnebre nem pensar.
Nenhuma parente veio reclamar seus restos mortais. Não houve sobrevoo de réquiem, promessa de vingança, nada. Acho que ela era a última da família. Se deixou filhos ou irmãos e irmãs não se sabe. Esse inseto não preza a família. Bota os ovos e se manda, a mau caráter.
A única coisa que chateia o Osni é que ele é chamado de serial killer de moscas. Vai ficar com essa fama de melhor pistoleiro do velho oeste da avenida João Pessoa. Muito triste isso.
Imagem: Freepik
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
